ORIGENS DE ATOUGUIA DA BALEIA

Como a sobrevivência desses povos dependia dos recursos naturais da época. Tais como; a caça, a pesca, e muitos frutos silvestres, então existentes.

Eis pois aqui, uma das muitas razões que os levavam, a assim procederem, procurando preferencialmente esses locais para sua habitação e sobrevivência.

Nesses estuários abundavam grandes e variadas quantidades de peixes e outros afins, da fauna marítima, tais como cetáceos de grandes proporções que ali recorriam para se alimentarem das espécies suas preferidas, o que muitas vezes lhes era fatal essa ousadia.

Nestas lagoas imensas de águas temperadas e semi-cálidas, também existiam em abundância muitas espécies de crustáceos e bivalves que ao tempo os habitantes de suas margens consumiam em grande quantidade para sua alimentação quotidiana, como se comprova pela existência fóssil dos muitos concheiras achados em locais que foram habitados por povos coevos dessas eras.

Além da fauna marítima tão propícia à sobrevivência dos nossos antepassados humanos também a luxuriante flora circundante os favorecia como coutada de caça onde abundavam imensas espécies de animais selvagens, (algumas de grande porte) tais como; o touro, o javali, o veado, etc; Além de muitas outras de menor tamanho; como a lebre, o coelho, e outras, de sua ordem.

Devido ao contínuo processo erosivo da crosta terrestre provocado pela pluviosidade enorme nessas eras, muitos sedimentos aluvionosos iam sendo colocados nas margens dessas lagoas, dando aso a que se formassem enormes sapais ao seu redor, criando autênticos paraísos de sobrevivência às aves migratórias que a eles recorriam para nidificar e se alimentarem da grande profusão de répteis e outras espécies necessárias à sua preservação.

Portanto, nestes estuários, lagoas e abras grandemente existentes na Costa Atlântica da Península Ibérica, não faltava alimentação natural, aos primitivos povoadores humanos, aí instalados.

OS IBÉROS
Pela descrição que nos conta a História Universal, sabemos que a Península Ibérica foi habitada pelos Ibéros e depois invadida pelos Celtas que juntamente com outros povos (Suevos, Gregos, Cartagineses, etc.) se juntaram, formando os Celtiberos ocupando toda a Península, para cá dos Pirinéus.

Este povo Celtibero dividiu-se em vários grupos distintos com nomes diferentes e áreas demarcadas. Entre os cinco agrupamentos, um tinha o nome Lusitânia, que ocupava grande parte do território peninsular a oeste, entre os rios Douro e Tejo. Mais ou menos entre os meridianos 38-40, e os paralelos 8-10, como seja parte da actual costa Atlântica do litoral Português, mais concretamente entre os dois rios citados.

Esta parte da Ibéria era habitada pelos Lusitanos.

OS LUSITANOS
Quando no ano de 193 antes da era cristã a Península Ibérica foi invadida pelas legiões Romanas, já encontraram todo o litoral Atlântico da Lusitânia povoado, principalmente junto aos portos e baias existentes na foz dos vários rios que desaguam nessa zona Atlântica.

Começando pela foz do rio Douro, encontramos muitos outros: tais como o Vouga; com o seu estuário de muitos portos de então: Ovar, Esterreja, Vagos, Mira ,etc. Depois Buarcos, na barra do Mondego, que era navegável até Coimbra, Montemor, Santa Olaia, Maiorca, Soure,Verride e outros. A seguir a foz do rio Liz, onde nesse tempo aparece um porto de nome Sardanaro ou Sardanero. Também no termo de Leiria, e junto à mesma foz, existiu o porto de Paredes, ao qual o rei D. Dinis, concedeu foral em 1282. Foi vila e porto de grande movimento comercial na idade média; o qual desapareceu soterrado pelo areal a partir do século XVI.

Ao sul da actual vila da Nazaré, onde hoje existe o porto artificial recentemente construído, havia no sítio do rio Alcobaça um pequeno golfo que dava acesso ao então porto da Pederneira, cujas cartas medievais assinalavam nesse ponto da costa como o "Gemo Petronero", ou "Golfo da Pedreneira".

A seguir existiam outros portos fluviais, tais como 5. Martinho, Alfeizeirão , e Salir. Depois Óbidos, com a sua lagoa, ainda hoje parte dela existente. Agora somos chegados ao porto de Atouguia, e é dele que pretendemos saber como era, e foi durante muitos séculos. Caminhando mais para o sul, existia ao tempo o porto da Lourinhã, que veio a desaparecer pelas mesmas causas, de todos os outros.

A TAURIA

O porto de Tauria era o centro comercial por excelência, de toda esta orla marítima, entre a foz dos rios Douro e Tejo.

Começamos pelo Baleal, alcandorada num maciço de rocha calcária, tipo-lióz, que o contínuo movimento das ondas do mar provocado pela ventania nórtica, ao longo de muitos milénios de anos, desgastou entre a povoação que hoje existe, e as arribas do lado Nascente, também de igual calcário, dando assim ocasião à formação do baixio onde existia a praia de banhos. Varias épocas houve, que neste local da praia, só havia rocha, só vindo a possuir areia depois do assoreamento

Portanto, durante muitos Séculos, o Baleal era uma pequena ilha, junto à costa do lado Norte da entrada da Baía-porto de Atouguia, servindo de molhe de abrigo, à navegação que demandava este porto. A partir da ilha do Baleal, caminhando para Sudeste, formava-se um grande estuário-baía em forma triangular, que se prolongava até junto do velho Castelo de Atouguia, e tinha ai seu vértice; partindo depois, e alargando-se até junto do rochedo da actual praia da Consolação, que também abrigava pelo lado Sul da dita baía.

Com a grande ilha "Phenícies" (Peniche) a transformar pelo lado do Oeste toda a zona portuária, eis aqui a razão do seu valor e grandeza.

Foi esta enorme baía-lagoa-porto que desde os alvôres da navegação, utilizada pelos homens, servia de ancoradouro obrigatório a toda a marinhagem que se deslocava ao longo da costa Atlântica, fretando, pescando ou comercializando, seus produtos. 0 grande porto natural de Tauria era meta mais que obrigatória, para simplesmente se abrigarem, reabastecer ou comercializar os produtos transportados.

A então grande ilha de "Phenícies", como lhe chamou o cruzado cronista Observo em 1147, quando da conquista de Lisboa, era toda coberta por densa e luxuriante vegetação, com suas reentrâncias naturais facilitando abrigo em qualquer emergência ocasional provocada pelas incertezas traiçoeiras do mar. Todos os predicados dessa maravilhosa costa, eram favores da própria natureza, que o homem ávido de aventuras dela sabia tirar o devido proveito.

TAURIA - O PRINCIPAL PORTO DE PESCA E COMERCIAL DA LUSITÂNIA

Devido há existência da "Insula Phenícies", a entrada da baía, como reserva natural criadora de variadissimas espécies piscícolas que ali desovavam e se protegiam de seus inimigos predadores, estes afluíam a estas paragens em grandes quantidades e por sua vez eram perseguidos por outros afins de maiores proporções como os grandes mamíferos cetáceos, baleias, cachalotes, roazes, etc. que à guisa de comedia se aventuravam a entrar no interior da enorme baia, que devido à sua irregularidade de fundos, os traía pagando com as suas vidas tais aventuras.

Era muito frequente serem caçados pelos homens , ou perdendo-se nos fundos baixios e traiçoeiros onde naufragavam por não lhes ser possível submergir para preservar sua existência. Com esta grande riqueza natural, que a baía-lagoa-porto de Tauria propiciava aos povos marítimos de todas as costas do Oceano Atlântico Norte, que muito frequentemente desciam a caminho do Mediterrâneo, e obrigatoriamente aqui se recolhiam para se refazerem dos muitos estragos causados pelas longas viagens feitas com tão exíguos recursos como os que então existiam.

Por experiência própria, sabemos como as gorduras sempre foram importantes e precisas não só para a nossa alimentação, mas também para delas se obterem óleos necessários para o fabrico de impermeáveis usados nas pinturas dos costados das frágeis embarcações que ao tempo existiam. Ancorados ou varados, ao abrigo nas muitas calas então existentes no interior da baía esses navegadores caçavam ou comercializavam, essas gorduras procedentes dos enormes cetáceos que aqui findavam. Derretida sua gordura e aproveitada sua carne, que conservada em salmoura e embarricada, os alimentava nas suas longas viagens através dos mares, nessa época ainda pouco conhecidos.

PORQUÊ TOURIA OU TAURIA?

Os muitos estuários lagoas e abras da Costa Atlântica eram cercados em grande parte por densas florestas ou matagais, com espécies de arbustos enormemente desenvolvidos devido ao seu crescimento natural ao longo dos séculos ou milénios da sua existência. As grandes orlas que circundavam a baía-porto de Tauria, não fugiam a essa regra ecológica natural, desses mesmos milénios passados. Por essa razão, natural seria haver, quer na "Insula Phenícies" quer ao redor do sapal da baía, uma abundante e densa florestação, a qual abrigava e dava guarida, a muitas e variadas espécies de animais e aves selvagens.

Entre as espécies de animais selvagens de maior porte abundava o touro selvagem, não feroz como o homem o transformou nos dias de hoje, mas sim, simplesmente bravo, que os navegantes que frequentavam estas paragens juntamente com as populações nativas caçavam em muita abundância para seu sustento. Devido a este facto, não custa muito imaginarmos de onde proveio o toponímio Touria ou Tauria, do latim arcaico, que mais tarde vai ser Tauria, Atouguia e finalmente Atouguia da Baleia.

O MAIOR PORTO COMERCIAL DA LUSITÂNIA

Com a derrocada do Império Romano, cerca do V século da nossa era, para recebermos, na Península Ibérica, a invasão sarracena no ano 711 da era cristã, ocupando-a totalmente no princípio, vindo depois a desocupar grande parte dela. A Lusitânia fica debaixo do domínio Mouro durante alguns séculos. Na parte que nos tocou a nós, lusitanos-atouguienses, não nos afectou muito essa ocupação, quer dos Romanos quer dos Árabes.

Embora fizéssemos parte da Lusitânia pela nossa implantação geográfica, na Península Ibérica a ocidente da Costa Atlântica, onde existia um pequeno arquipélago de ilhotas (Berlenga, Farelhões e Peniche) junto à costa. Aqui situava-se a melhor baía-lagoa-porto de toda a Lusitânia, no espaço da costa marítima compreendida entre a Foz do Rio Douro, e do Tejo, onde todo o tráfego marítimo costeiro e não só, obrigatoriamente fazia escala, quer para se abrigar, reabastecer, etc, ou então comercializar seus produtos e mercadorias com outros seus congéneres.

Devido ao predomínio dos Romanos e dos Mouros ter sido maior à volta do Mediterrâneo nunca a Costa Oceânica ocidental da Península Ibérica foi muito utilizada pela sua navegação, mas sim em grande profusão o foi pelos marinheiros dos povos do Norte da Europa, principalmente Escandinavos e Normandos que frequentemente desciam de Norte para Sul, transportando seu pescado salgado, recebendo em troca, sal, vinho, frutas secas ,etc. Navegando até aos Algarves, chegando mesmo a Gibraltar e passando ao Mediterrâneo Central, algumas vezes. Em contrapartida à descida dos marinheiros Escandinavos e Normandos vindos do Norte da Europa, para comercializar ao Sul, também os Árabes subiam costa-acima ao encontro dos seus iguais, afim de permutarem suas mercadorias. Aliás, sabe-se que durante o século x, o califa Hacam II mandou construir barcos segundo o modelo dos Normandos para os atacar com eles.

Como aqui se deixa transparecer nem sempre as marés eram de rosas, existindo em ambas as partes muita pirataria que sempre se degladiavam mutuamente sempre que a ocasião lhes era propicia.

O ALVORECER DE PORTUGAL
Estamos no alvorecer da nação Portuguesa. D Afonso Henriques, desce de Norte para Sul, conquistando tudo quanto é castelo de mouro. Já conquistou Leiria, Porto de Nós e Santarém. Óbidos entregou-se sem luta. Falta-lhe agora o castelo mais forte e ambicionado, a cidade de Lisboa.

Ele quer sacudir a moirana para lá do Tejo, mas não dispõe de forças para o fazer, porque a praça de Lisboa é a mais difícil de conquistar, devido a junção aqui concentrada das muitas guarnições de outros castelos já tomados por D. Afonso Henriques. Eis que uma armada de cruzados formada por povos vindos da Gália, navega ao longo da Península Ibérica ,descendo o Oceano Atlântico de Norte para Sul com destino a terra santa, onde pretende apoderar-se do túmulo de Cristo, há muito tempo na posse dos infiéis. Essa armada e comandada pelos irmãos gauleses, Guilherme e Roberto de Licorne ou Corni, que aportaram a barra do Douro para se reabastecer e abrigar. Permaneceram aí o tempo suficiente para o fazerem.

Ao ter conhecimento desta estadia dos cruzados no rio Douro, o Rei D. Afonso Henriques encarrega o Bispo do Porto, D. Pedro, de negociar com eles a sua participação na conquista de Lisboa. Não foi bem sucedido o Bispo em suas negociações com os cruzados; e estes partiram a caminho do seu destino, a terra santa. Dias depois atracaram na grande baia de Tauria, onde novamente se refazem de suas necessidades vitais, para continuarem sua missão. Então, D. Afonso Henriques, que se encontrava cá pelas bandas de Lisboa, chega ele à fala com os manos franceses, e concerta a sua ajuda valiosa na conquista de Lisboa em 1147.

Não foi fácil, ao nosso primeiro rei, negociar com os franceses a sua participação nessa tão arriscada empresa, que iria decidir a cimentação da nacionalidade portuguesa, perante a história das nações, em tempos tão controversos. Sabendo-se que os cruzados se encaminhavam navegando para a Palestina, pensamos como seria difícil chegar ao acordo destes se disporem a lutar a menos de um terço da viagem do seu fim em vista, que era chegar a terra santa. O rei D. Afonso Henriques também não dispunha de meios para lhes pagar o seu auxilio tão valioso. Só lhe restou fazer o que fez; doar-lhes as terras de Tauria, o senhorio do seu importante porto, e do seu frutuoso comércio.

Na cedência desta importante zona da Lusitânia aos gauleses, impôs o nosso primeiro rei, a obrigação de a repovoarem e defenderem convenientemente, como cidadãos lusos que passavam de hora-avante a ser, ficando a dever fidelidade ao seu rei D. Afonso Henriques.

Desta vez a conquista de Lisboa foi um êxito, pois sabemos que a mesma tinha sido tentada trinta anos antes, não pelo rei D. Afonso Henriques, mas sim por grande parte da população lusitana que nela habitava, ao tempo muito numerosa. Tentaram assim obter a sua independência ajudados também por uma armada de cruzados que em 1109 se encaminhava para a terra santa, segundo conta a saga do rei Sigur. Esta armada como tantas outras, obrigatoriamente fez também escala no porto de Tauria. Nada se sabe, se depois da conquista de Lisboa a armada de cruzados seguiu o seu rumo para a Palestina, ou se retornou logo para as suas terras de Atouguia. Julgamos que sim, que já não continuou a sua primitiva missão, mas imediatamente se instalou nas suas futuras terras, povoando-as intensamente, com outros povos francos que foram influenciados por seus irmãos a juntarem-se nestas férteis paragens afim delas tirarem todo o proveito de sua subsistência e grandeza.

Em pouco tempo, estas terras tomaram uma nova feição, quer em desenvolvimento de ordem material e comercial, quer em cultura e arte espiritual. No ano de 1165 já as terras de Atouguia se encontravam repovoadas pelos seus donatários gauleses. O Rei D. Afonso Henriques, concedeu o primeiro foral às terras de Tauria, dando aos irmãos gauleses autorização para o efectuar, segundo certas normas por ele impostas. Mesmo assim sendo, este foral ficou muito favorável aos povos de Tauria.

REPOVOAMENTO E DESENVOLVIMENTO DO PORTO DE TAURIA
São os povos de origem Franco-gaulesa que muito vão ajudar a consolidar a formação da nação portuguesa nos primeiros reinados da dinastia afonsina, quer povoando e desenvolvendo a agricultura, quer pescando e comercializando, através do belo porto de mar, então existente. Pelos seus bons serviços prestados em prol da nação Lusa, outras doações lhe foram concedidas, tais como Lourinhã e seus terrenos. Foi rápido e intenso o desenvolvimento em todas as actividades inerentes a estas comunidades instaladas aqui nesta zona da Lusitânia, que depressa se fundiram num só povo que ao longo de oito séculos ainda perdura. O mesmo já não podemos dizer em relação às benfeitorias por eles criadas, pouco restando do seu belíssimo porto de mar.

Quanto a monumentos existe a grandiosa catedral de S. Leonardo, que só por si diz bem da intensa e avultada fé desse povo cristão, que tanto amava e venerava seus santos protectores. Também possuímos a linda capela Real de Nossa Senhora da Conceição, de estilo barroco maneirista, obra do grande arquitecto-escultor João Antunes. Perto desta a linda fonte do mesmo nome, de estilo gótico, brasonada com as armas da vila. No largo fronteiriço à igreja, existem algumas trincheiras em pedra, igual à da igreja, que se presume teriam sido colocadas para delimitar a área reservada ao culto religioso praticado pelos muitos romeiros que se deslocavam à vila de Atouguia a rogar a protecção de Nossa Senhora. Como a capela não é muito grande, eis a razão de se praticar a maior parte das cerimónias ao ar livre. A cruz que se encontra, em frente da igreja, foi ali colocada recentemente. A mesma se encontrava, desde a sua construção, no caminho que então conduzia à Lourinhã; passando depois a chamar-se Caminho da Cruz Hoje, actual Casal da Cruz. Esta encontrava-se situada a cerca de cem metros ao sul da igreja de Nossa Senhora e foi lá colocada quando da sua construção nos anos de 1694 a 1699. Quanto às ruínas do velhinho castelo, hoje existentes e muito desprezadas, só me resta dizer que ele foi a atalaia durante séculos desse grande empório que era o então porto de Tauria.

Os Senhores donos deste grande porto de mar, residiam num magnífico palácio situado a nascente do terminal do porto, local ainda hoje denominado de Torre Bela. Suas ruínas existiram até ao primeiro quartel deste século, data em que os seus proprietários de então resolveram demolir estas velhas paredes para aproveitar a pedra com destino à construção de novas obras. Este palácio comunicava com o velho castelo, por uma galeria subterrânea que passava através do porto a grande profundidade, escavada nos calcários amargosos do fundo deste. Quando se construiu a actual moradia existente no terreiro das ruínas do velho castelo, foi por esta tapada uma escadaria em caracol que se diria dar acesso a tal galeria. Outras ruínas de paredes ainda se podem observar atrás da igreja de S. Leonardo, na rampa junto à fonte do mesmo nome, que se presumem tenham sido aí as instalações alfandegárias da época. Só se procedendo a escavações, se podem tirar conclusões concretas.

A velha fonte de S. Leonardo, que sempre acompanhou, e deu de beber aos mais primitivos povos, que por estas bandas se demandaram buscando seus proveitos; encontra-se hoje praticamente abandonada. Possui cerca de seis metros de profundidade, mas ao tempo em que se laborava no porto, esta se mantinha ao mesmo nível deste. Com o assoreamento do vale, a mesma foi subindo suas paredes até chegar aos dias de hoje, como se encontra actualmente. No fundo da fonte, e do lado da igreja nasce a água por um buraco semi-circular, pois deve ter sido esse o seu princípio em tempos muito remotos, que deu água a tantas gerações. Soterrado um pouco abaixo do nível do actual piso, existe um brazão da Vila de Atouguia, que só tem um touro com um castelo em cada corno, diferente daquele que lá se encontra a descoberto possuindo dois touros, bebendo em uma pia.

PORQUÊ, S. LEONARDO

De estilo romano-gótico erigida durante o século XIII, em honra de S. Leonardo de Noblat. Este era oriundo da nobreza gaulesa, e parente do rei Clóvis, que também era seu padrinho de baptismo. Estamos no século V, o rei Clóvis não professa a religião cristã, mas sua mulher consegue convertê-lo a baptizar-se juntamente com outros fidalgos da sua estirpe. São Leonardo, não quer ser guerreiro, dedica-se às obras de piedade protegendo os pobres e os prisioneiros de guerra, passando a ser seu principal protector. Depois da sua morte, o povo considerou-o santo, venerando sua imagem, como protecção nos apuros da sua existência. Principalmente os prisioneiros, e as mulheres grávidas que à sua memória recorriam, implorando sua intercepção junto do Céu.

Conta a tradição, que ao tempo do repovoamento das terras de Tauria, um barco que se dirigia para cá com um carregamento de prisioneiros se afundou à entrada do porto, salvando-se todos os presos. Estes traziam a bordo, uma imagem de S. Leonardo que também se salvou com eles. Agradecidos de tão grande milagre, resolveram construir a linda igreja, que hoje muito nos orgulhamos de possuir. Sabemos que em Portugal, é a única dedicada a S. Leonardo, não existindo mais nenhuma paróquia com este nome. Sua festa, é a 6 de Novembro, assim como era e é ainda hoje, o dia da Vila de Atouguia e paróquia de S. Leonardo. Presume-se que o templo foi construído no local onde existia uma mesquita muçulmana, pois quando do recente restauro levado a efeito pelos monumentos nacionais assim deixou transparecer.

Quanto aos donatários Franco-Gauleses rapidamente se fundiram com os povos nativos já cá existentes, ficando até hoje os apelidos de Francos e Correias. Nos finais do século XIII, já não existia descendência directa dos irmãos gauleses, passando o padroado de Atouguia, para a posse da Coroa Portuguesa.

OS PRIMEIROS FORAIS
D. Afonso Henriques, doou a povoação de Tauria e suas terras limítrofes aos irmãos gauleses, em 1147; também no ano seguinte 1148, concedeu-lhe o seu primeiro foral. Devido ao êxito alcançado pelos irmãos Licorni, no povoamento e progresso significativo de suas terras, D. Sancho I, confirma o foral dado por seu pai e concede-lhe novo foral. Novamente, D. Afonso II, renova este em 1218. Nos reinados de D. Sancho II e D. Afonso III, pouco ou nada se sabe de significante, sobre Atouguia. Apenas a continuidade laboral dos então Franco-Lusos já muito irmanados e familiarizados como futuros Atouguienses.

Quando D. Dinis ascendeu ao trono de Portugal, já possuía muitas casas em Atouguia. No ano de 1313, obtém o senhorio da vila, para em seguida a doar a sua esposa, a rainha D. Isabel de Aragão. Depois mais tarde, Rainha Santa Isabel de Portugal.

Durante o reinado de D. Dinis, a Vila de Atouguia, como tantas outras vai receber uma nova e grande dinamização e progresso em todas as áreas da sua civilidade temporal e religiosa. No local mais elevado das terras que circundam a povoação, denominada de Outeiro e junto ao caminho que ligava com a povoação da Lourinhã, manda erguer uma forca. Este local ainda hoje se chama Outeiro da Forca. Com esta medida tão significativa, ele passa a poder aplicar sua autoridade e justiça. Como nesse tempo, os corpos dos enforcados, ficavam expostos na forca até caírem de podres, os locais onde eram implantadas as mesmas ficavam distantes das povoações e a sul destas, devido aos ventos predominarem do norte, a maior parte do ano. Também eram as mesmas colocadas junto das estradas de maior circulação, para que todos os viandantes que por ali passassem, lhe servisse de exemplo

Como a corte de D. Dinis habitava muitas vezes temporariamente em Alenquer, deslocava-se a miúdo às suas terras e porto de Atouguia. Então manda construir, na parte mais alta de seus domínios por estas bandas, no local da serra a sua moradia solarenga, hoje chamado de Paço da Serra de El-Rei. Esta mansão foi construída no estilo então usado; o gótico medieval. Mais tarde a mesma sofre modificações, como hoje se pode comprovar. Nesse Paço de Serra, habitarão depois (embora temporariamente) todas as personalidades ligadas à história da velhinha Atouguia.

A Rainha Santa Isabel, como donatária das terras de Atouguia e de sua majestosa igreja desloca-se frequentemente para estas bandas habitando o Paço da Serra. Assim se comprova, segundo a lenda relativa ao baixo-relevo figurativo da natividade existente na igreja de S. Leonardo, que se encontra rachado ao meio, caso acontecido quando Santa Isabel em suas orações implorava à Virgem sua protecção em favor de seu neto, o futuro Rei D. Pedro I, então criança e possuidor de uma anomalia física que muito o traumatizava. Ainda, segundo a mesma lenda, suas preces foram atendidas e o seu neto foi aliviado de tamanho mal físico; uma quebradura (hérnia), humanamente incurável nessas épocas. O baixo-relevo, ficou frontal do altar-mór da igreja de S. Leonardo, oferecido a Santa Isabel, como prémio de reconhecimento a seu marido, o rei D. Dinis, que por este ter resolvido junto da Santa Sé o pleito referente às ordens religiosas que então se degladiavam. A oferta do baixo-relevo juntamente com uma imagem de Nossa Senhora em prata, foram oferecidas por poderosos franceses interessados nessa questão. A imagem encontra-se no Museu Machado de Castro em Coimbra.

O DESENVOLVIMENTO DE ATOUGUIA E SUA DEFESA
D. Dinis cognominizado de "O Lavrador", não só desenvolveu a agricultura nas terras de sua esposa, como também incrementou grandemente a pesca e o comércio marítimo e terrestre em Atouguia. Com a sua personalidade forte e culta, ele mexe com todas as actividades civis da época. Criando a nível nacional, feiras e mercados, dota a Atouguia com a sua feira anual no dia de seu orago S. Leonardo, que é a 6 de Novembro, e passou a ser o dia maior da então progressiva Vila de Atouguia.

Ele criou nestas paragens um mercado importante e permanente, devido ao desenvolvimento que imprimiu à industria pesqueira local. Foi durante o seu reinado que o porto de Atouguia alcançou a sua maior pujança piscatória, sendo então considerado o maior porto pesqueiro da Nação Portuguesa. A par da faina do mar, também aqui se desenvolveram outras actividades afins; como a industria naval, de reparações e fornecimento de apréstimos para os mesmos fins.

D. Dinis durante o seu reinado fundou em todo o seu reino 44 Vilas, incluindo a Vila de Atouguia. Nelas construiu e reparou os seus castelos. O Castelo de Atouguia já existia desde os primórdios do seu porto de mar, mas cremos que D. Dinis não passou sem lhe introduzir alguns melhoramentos e reparações. Nesse tempo a costa oceânica onde estava inserido o porto de Atouguia, era muito frequentada pelas piratarias Argelinas nomeadamente, e outras que se aventuravam a subir a baía para saquear a nossa população, pela calada da noite. Só o castelo, como sentinela permanente, lhes podia fazer frente combatendo-os e destruindo-os sempre que lhes era possível fazê-lo.

Pela história de Portugal, e por documentos existentes na Torre do Tombo, sabemos que D. Dinis em 1317 contratou o genovês Manuel Pessanha, a quem deu o posto de Almirante, para governar a sua marinha, e defender os seus postos da pirataria que ao tempo com muita frequência saqueavam e matavam os seus opositores. Também foi o rei D. Dinis, que por seu decreto criou a primeira marinha defensiva em Portugal, nomeando 30 indivíduos de Atouguia, com suas armas e bagagens, durante 6 semanas, para obrigatoriamente defenderem o seu porto.

O Almirante Manuel Pessanha passou muito tempo aqui com seus companheiros genoveses, pois a eles estava entregue a defesa de toda a costa portuguesa. Para esse fim eram recrutados muitos mancebos das povoações rurais que faziam falta na agricultura; por isso estes reclamavam ao seu rei que (quase sempre) os dispensava de tal obrigação.

Com a obtenção do senhorio da Vila de Atouguia, em 1313, 0 rei D. Dinis cria a câmara municipal da época, situada onde hoje se encontra a sede da junta de freguesia. Esta era composta de dois corpos directivos; os homens bons e a arraia miúda; que em colaboração com o seu rei, discutiam e decidiam interesses e formas de vivência local. A justiça punitiva era aplicada segundo os critérios do rei, depois de ouvidas todas as partes em litígio. O castigo máximo aplicado era muitas vezes o enforcamento, degola, ou a decepação total ou parcial, conforme o crime cometido pelo delinquente em questão.

Como símbolo da sua autoridade e da Vila, recentemente por si criada, mandou o rei D. Dinis colocar o primeiro pelourinho em frente da casa da câmara, e da igreja de S. Leonardo, mais ou menos onde hoje se encontra. Também a feira, por ele criada tinha ali a sua feitura, que perdurou lá, até aos princípios do século XVIII; passando então para o largo de Nossa Senhora da Conceição que tinha agora a sua igreja recentemente construída. O seu largo que antes da sua feitura, era parte cultivada, parte baldio e único caminho para a então Vila da Lourinhã é agora local de culto religioso a Nossa Senhora, nos meses de Verão, devido à grande afluência de romeiros vindos das mais longínquas povoações do nosso pais. As trincheiras de pedra calcária igual à da construção da igreja, foram ali colocadas por recomendação expressa da própria rainha Dona Maria Sofia, para evitar que os forasteiros invadissem a frente do templo com seus transportes e cavalgaduras. Nos buracos nelas existentes, eram colocadas varas de madeira, não deixando que o recinto fosse invadido pelos respectivos animais.

Quando em 19 de Maio de 1696, a rainha, seu marido e filhos, assim como toda a corte do reino de Portugal se deslocaram à Vila de Atouguia, para venerar a milagrosa Imagem de Nossa Senhora, ainda esta se encontrava instalada na sua primitiva capelinha do já abandonado hospital da Gafaria (implantado cerca de 50 metros a sul da actual igreja) reparou que a mesma, era frequentemente invadida por irracionais que nela penetravam. Assim deixou recomendado que no futuro templo, que já se encontrava em construção muito avançada, o mesmo não sucedesse.

Há poucos anos a esta parte, um filho desta terra um tanto irresponsavelmente, espalhou a alguns visitantes do nosso património histórico, que ali tinha existido um antigo touril, sem nunca ter investigado a razão porque o fazia. O autor desta resenha, durante a sua existência, nunca ouviu constar sobre tal veracidade. Nunca existiu touril em Atouguia, é pura ficção. Nenhum historiador do passado menciona tal facto; A não ser o Dr. Mariano Calado no seu livro "Peniche na História e na Lenda", influenciado pelo tal lunático filho desta terra.

A RAINHA SANTA E SUAS OBRAS PIAS

A rainha santa Isabel várias vezes visitou e estagiou pelas suas terras de Atouguia, contactando suas gentes que muito queria e amava. Principalmente os pobres, doentes e desprotegidos de justiça. Sabemos quanto Santa Isabel se entregava à protecção da mãe de Jesus, e como no seu tempo defendeu seu culto, com a ajuda que prestou à instalação da Ordem Franciscana em todo o seu reino, principalmente em Alenquer e aqui em suas terras de Atouguia.

Pelo amor que dedicava aos pobres e doentes, não nos custa a acreditar, que foi no seu tempo, e pela sua generosidade, que se criou a Irmandade de Nossa Senhora da Gafaria, construindo a sua capela e respectivo Lazareto do mesmo nome. A capela existiu até ao ano de 1698, seis anos depois da data em que se deu o milagre da renovação da imagem de Nossa Senhora e do menino Jesus, no dia 19 de Maio do mesmo ano, conforme documentos comprovativos desse facto milagroso, ainda existentes.

Hoje nesse local encontra-se a majestosa igreja de Nossa Senhora da Conceição. Um pouco mais a sul, existia a dita Gafaria, onde centenas ou milhares de leprosos findavam seus padecimentos, incuráveis em tempos tão difíceis dessa época. Ao tempo do reinado de D. Dinis havia algum desentendimento entre o clero tradicional e a recente criada, Ordem Franciscana, que não era muito do agrado da igreja secular, tomando o rei e sua esposa, o partido da ordem mendicante, apoiando e protegendo a sua instalação sobre invocação do Espírito Santo a quem prestavam culto e adoração.

Criou-se mesmo no seu reino um culto especial ao Divino Espírito Santo, segundo nos descreve o insígue historiador Jaime Cortesão num dos seus livros de história. Essa atitude real não agradava aos priores tradicionais, devido a ser-lhes retirada autoridade e privilégios monetários que ao tempo auferiam com muita abundância. Como nesse tempo, os ensinos superiores eram em grande parte ministrados através das ordens religiosas, principalmente a de S. Francisco de Assis, que o poder real favorecia, levou a que na data de 12 de Novembro de 1288, o prior de S. Leonardo, juntamente com os priores de outras igrejas ao tempo importantes enviassem ao Papa Nicolau IV uma petição por eles assinada, para que lhes fosse concedida autorização para cobrarem rendas, cujo produto se destinaria a financiar e fomentar o ensino das ciências e artes, criando uma escola superior, sobre a protecção do clero secular.

Um ano depois, foram criados os estudos gerais em Lisboa, por ordem e decreto do rei D. Dinis. Segundo o que determinava o primeiro foral concedido por D. Afonso Henriques aos irmãos gauleses, todos os rendimentos e proveitos obtidos nas terras de Atouguia revertiam em favor dos seus naturais. Foi assim que o prior de S. Leonardo institui uma colegiada com o seu colégio de estudos superiores em Coimbra, junto às margens do rio Mondego. Ali estudavam os nobres filhos de Atouguia, durante muitos anos, até que um dia, uma grande cheia do rio Mondego destruiu o dito colégio, porque sua construção era feita de terra batida (adobe).

O REINADO DE D. AFONSO IV
D. Dinis alimentava o banho de guerrear o reino de Marrocos na posse dos infiéis serracenos e assim agradar ao Papa e a todas as nações da cristandade. Para que tal fosse possível, necessitava de grandes preparativos e muitas reservas de alimentos adequados para esse fim. D. Dinis faleceu em 1325, não chegando a concretizar tal pensamento.

Com a subida ao trono de seu filho D. Afonso IV, parece que a ideia continuou fixa no seu sucessor. Este seu herdeiro, em Setembro de 1340 contrata com o mercador Afonso Domingues a cedência de todas as pescarias de baleia e seus afins, em todos os portos de seu reino desde o Algarve ao Ninho, para que este se comprometa a fornecer-lhe toda a carne necessária para alimentar essa grande empresa que muito almejava realizar, de guerrear os mouros em África. Para isso se comprometia o rei em lhe ceder todo o trigo e outros alimentos necessários, para suprir os seus operários e pescadores, utilizados nesse grande empreendimento.

Afonso Domingues, que tinha a alcunha de "Donzel" partiu para as terras de Atouguia, instalando na ilha de Peniche sua industria laboral, porque era este o local mais propicio para esse fim. Devido a factos conhecidos pela história de Portugal, D. Afonso IV, mantinha com seu filho primogénito o infante D. Pedro uma grande animosidade por este ser amantizado com D. Inês de Castro. D. Pedro, recebeu de sua avó, a Rainha Santa Isabel, o senhorio das terras de Atouguia, habitando com muita frequência o Paço da Serra e construindo um solar junto à povoação do Molêdo onde mantinha sua jovem amante.

Contam alguns historiadores que os seus três primeiros filhos de Dona Inês nasceram por aqui, quer no Paço da Serra, quer no Solar do Molêdo, hoje o lugar do Paço. Foram eles: D. Afonso, que faleceu de tenra idade, D. João, que nasceu cerca 1349 e D. Dinis, que nasceu no ano seguinte. D. Beatriz, a mais nova, já veio a nascer em Canidêlo ou Coimbra.

Diz a tradição, que o infante D. Pedro se encontrava temporariamente a caçar aqui nas suas terras de Atouguia, quando o seu pai, o rei D. Afonso IV, consentiu no assassínio de sua amante na data de 7 de Janeiro de 1355. Esta encontrava-se a residir com seus filhos numa quinta perto de Coimbra. O rei D. Afonso IV, faleceu no ano de 1357.

O REINADO DE D. PEDRO I
Durante o curto reinado de D. Pedro I, (apenas dez anos) apenas se sabe que logo que subiu ao trono de Portugal, ofereceu a sua mãe a rainha D. Beatriz, as terras e Vila de Atouguia como presente de reconhecimento pela dedicação que esta sempre demonstrou para com ele, durante as discórdias travadas com o seu pai, o falecido rei D. Afonso IV. Também um facto muito conhecido que o rei D Pedro I, tinha grande predilecção pela caça, organizando grandes montarias muito em voga nas côrtes reais da Idade Média.

Como sabemos que as terras do senhorio de Atouguia eram ricas de fartas florestas de arborização muito densa e frondosa, nelas habitavam animais selvagens de grande porte, que o rei e seus amigos muito apreciavam caçar. Como a côrte de seu pai, D. Afonso IV, quase sempre residia em Coimbra, ao Infante D. Pedro convinha-lhe afastar-se para as suas terras de Atouguia, para ficar longe das intrigas de seus inimigos, para assim poder amar a sua querida Inês, no seu solar do Moledo, que para ela tinha mandado construir às escondidas de seu pai.

Nos dez anos de seu reinado pouco visitou os domínios de Atouguia agora pertença de sua mãe. O tempo que dispunha, era pouco para caçar, devido aos negócios do reino e ao rei tudo lhe era atribuído. Sabe-se que foi um rei itinerante, deslocando-se do Algarve ao Ninho frequentemente para administrar sua justiça.

O rei D. Pedro I, faleceu no dia 18 de Janeiro de 1367.

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