Nicole Reis, designer gráfica e de comunicação, natural de Atouguia da Baleia, foi convidada pela Junta de Freguesia a criar uma leitura contemporânea para uma das mais importantes peças de arte da vila, o baixo-relevo medieval da Natividade da Igreja Matriz de São Leonardo. O trabalho de Nicole Reis será o presépio deste ano no Largo de Nossa Senhora da Conceição, recriando um efeito de vitral.
O Presidente da Junta de Freguesia, António Salvador, explica que “a existência de uma peça tão especial como a Natividade na nossa Igreja Matriz deve ser sempre motivo de orgulho” e que “a Junta de Freguesia achou que para dar um cunho identitário ao nosso Natal, podíamos olhar para esta peça histórica em busca de inspiração”. Acrescenta que “esta é uma forma de podermos apoiar uma nova geração de artistas locais, como temos vindo a fazer ao longo dos anos”.
Formada em Design Gráfico, Nicole Reis (@thecirculararchive / nicolereis.xyz) realizou os seus estudos em Lisboa e Praga e atua como designer independente. Especializada nas áreas de identidade visual e design editorial, diz que foi “com entusiasmo que aceitei o desafio de interpretar, em efeito vitral, o baixo-relevo da Natividade”.
Sublinhando que a Natividade se trata de uma peça que é “um símbolo histórico da nossa vila”, Nicole Reis refere que “criar uma nova interpretação ilustrativa, foi um processo enriquecedor”, em que sentiu que “estava a contribuir para a valorização e preservação da história da nossa terra”.
O presépio em efeito vitral será colocado no Largo de Nossa Senhora da Conceição, de Atouguia da Baleia, a partir de dia 29 de Novembro, tendo a Junta de Freguesia apostado por iluminar os elementos próprios do Largo, como as arcadas da igreja, as árvores e o coreto. O resto da freguesia terá igualmente iluminação de Natal, além de pequenos presépios.
Nicole Reis
Designer gráfica e de comunicação, natural de Atouguia da Baleia. Formada em Design Gráfico, com estudos realizados em Lisboa e Praga, atua como designer independente. Especializa-se nas áreas de identidade visual e design editorial. ( @thecirculararchive / nicolereis.xyz )
“Foi com entusiasmo que aceitei o desafio da Junta de Freguesia de Atouguia da Baleia de interpretar, em efeito vitral, o baixo-relevo da Natividade do século XIV da Igreja Matriz de São Leonardo. Enquanto atouguiense, esta peça sempre esteve presente, não apenas por ser um símbolo histórico da nossa vila, mas também por ter sido objeto de estudo durante a minha infância, na escola básica da Atouguia. Ter a oportunidade de revisitar este ícone, explorar elementos arquitetónicos como os arcos, os azulejos e os pormenores decorativos da igreja para criar uma nova interpretação ilustrativa, foi um processo enriquecedor.
“Este projeto não só me permitiu unir a admiração que tenho pela arte dos vitrais à riqueza do património da Igreja de São Leonardo, mas também reforçou a minha ligação à Atouguia da Baleia, a vila que me viu crescer. Desde a análise dos detalhes arquitetónicos da igreja, que me inspiraram na composição dos elementos da peça, até à concretização da mesma, pude sentir que estava a contribuir para a valorização e preservação da história da nossa terra. Um sincero obrigada à Junta de Freguesia por confiar em criativos locais.”
Natividade de São Leonardo
O baixo-relevo da Natividade da Igreja Matriz de São Leonardo é uma peça única no acervo monumental e artístico da freguesia de Atouguia da Baleia. Peça rara na escultura em território nacional, datável do século XIV, representa Nossa Senhora deitada sobre o leito, com o Menino Jesus sobre o colo e São José sentado aos pés da cama, apoiado numa bengala. O Menino aparece com a manjedoura em fundo, rodeado pelo burro e pela vaca, enquanto dois anjos o incensam com turíbulos.
De pedra calcária, foi possivelmente parte de um antigo retábulo da igreja, antes de ter servido como frontal de altar, até 1970, estando hoje colocado na parede de topo da nave lateral do lado do Evangelho. A mais recente investigação, da historiadora Carla Varela Fernandes, sublinha o baixo-relevo como peça de inspiração francesa ou aragonesa e situa-o como possível encomenda da Rainha D. Isabel de Aragão, a Rainha Santa, para a igreja, após lhe ter sido feita doação da vila em 1307 pelo Rei D. Dinis.
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